O Transtorno do Espectro Autista é um quadro complexo.

 

O Transtorno de Espectro Autista é um quadro complexo, que pode envolver prejuízos, principalmente na questão social, de comunicação e comportamental. Esses prejuízos acabam refletindo na questão educacional, exigindo abordagens multidisciplinares concretas, para um melhor desenvolvimento.

O autismo pode ocorrer em qualquer classe social, raça ou cultura, sendo que cerca de 65 a 90% dos casos estão associados à deficiência mental (Gadia, Tuchman,& Rotta, 2004). Esses números vêm contra a ideia de que os autistas tem inteligência superior ao resto da população.

É importante lembrar que o autismo, por se tratar de um espectro, tem seus “sintomas” variando em modos e intensidades, o que significa dizer que nunca um autista será igual ao outro, assim, como nunca uma pessoa que não tem autismo é igual a outra, etc. A criança pode se isolar, pode aceitar a interação, ela pode até mesmo mostrar interesse em interagir com as outras pessoas.

Bosa (2002) afirma que a ausência de respostas das crianças autistas deve-se, muitas vezes, à falta de compreensão do que está sendo exigido dela, ao invés de uma atitude de isolamento e recusa proposital. Dessa forma, julgar que a criança é ausente ao mundo e aquilo que acontece ao seu redor, além de ser uma inverdade, acaba restringindo a motivação para se investir na sua potencialidade para interação.

No Brasil, existe uma lei, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, mais especificamente, no seu artigo 4º, inciso III, que diz que é o Estado o responsável por garantir educação aos educandos que possuem necessidades especiais, de preferência, na rede regular de ensino.

Embora seja importante ter uma lei que regulamente e garanta direitos das pessoas com deficiências, e mais especificamente, as pessoas com autismo, pesquisas vem mostrando que ainda não conseguimos ter muito sucesso na educação inclusiva no Brasil. Isso porque, não basta simplesmente colocar o aluno na escola regular, é preciso que a escola esteja preparada para receber os mais diversos alunos com suas especificidades.

É preciso que as escolas estejam preparadas, pois poderá acontecer o efeito inverso: ao invés da criança com autismo ser incluída, ela poderá ser excluída por não ter o suporte para participar das atividades escolares junto com os outros alunos. As escolas precisam de professores preparados, além de prover as acomodações físicas e curriculares necessárias.

As escolas precisam também preparar-se, bem como os seus programas, para atender a diferentes perfis, visto que os autistas podem possuir diferentes estilos e potencialidades. Além de sempre se mostrarem sensíveis às necessidades do indivíduo e habilidade para planejar com a família o que deve ser feito ou continuado em casa.

O autismo leva a pessoa a se relacionar de forma diferente com o mundo, principalmente no que tange a comunicação e a interação com as outras pessoas, exigindo assim, que as escolas estejam preparadas para se adaptar a cada particularidade, e aqui, não só de quem foi diagnosticado com autismo, mas a todos que frequentam a escola, pois a inclusão escolar vai muito além de quem tem algum tipo de deficiência, ela vem para valorizar que somos todos diferentes, que todos temos particularidades que nos são próprias.

Camila Gadelha, psicóloga

 

Referências:

Bosa, C. a. (2002). autismo: atuais interpretações para antigas observações. In C. R. Baptista & C. a. Bosa (Orgs.), Autismo e educação: reflexões e propostas de intervenção (pp. 21-39). Porto alegre: artmed.

Gadia, C.; tuchman, R., & Rotta, N. (2004). autismo e doenças invasivas do desenvolvimento. Jornal de Pediatria, 80, 583 – 594.